domingo, 25 de maio de 2008

HSM, um passado de luta e resistência

"A sala 7 de Maio, de Medicina, no Hospital Santa maria, ganhou o nome há quatro anos, quando foi roubada à Mocidade Portuguesa pelos estudantes em manifestação contra a guerra do Vietname. Hoje é o palco de uma assembleia do MAESL que mal chega a começar. A polícia invade rapidamente a faculdade e consegue encurralar quase todos os estudantes reunidos na sala de alunos. No corredor, os três agentes engatilham as metralhadoras. Ao seu encontro, os estudantes avançam devagar, a medo. Dentro da sala, alguns vão engolindo contactos comprometedores.
No corredor, Cláudio Cavaco, destacado activista do Grupo de Estudantes, interpõe-se: Ribeiro Santos morreu há pouco mais de um ano e «ninguém quer um banho de sangue». Todos regressam ao interior da 7 de Maio, cabisbaixos.
Em sucessivas carrinhas, os 151 estudantes são conduzidos ao Governo Civil. Já no Chiado, a polícia tem de acenar com a mangueira de água fria para calar os gritos e as canções. As 45 raparigas presas recusam-se a ser separadas e a permanecer nas celas já ocupadas por algumas prostitutas. De madrugada, são escolhidas sete, que seguirão para Caxias. (...) No Governo Civil, os rapazes são humilhados de outra forma. Chamados um a um, regressam de cabeça rapada. Em tempo de moda guedelhuda, o novo visual dos liceias rebeldes é alvo de chacota. Mas, pouco depois, os gorros de lã, a que Janeiro obriga, tornam-se símbolo de combatividade e motivo de orgulho."

notas: MAESL- Movimento Associativo Estudantes Secundário de Lisboa
Grupo de Estudantes- grupo de alunos do Padre António Vieira de afinidades entre o trotskismo e o libertarismo
Este excerto foi retirado do livro "Grandes Planos, Oposição Estudantil à Ditadura", pág. 184

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