sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O RJIES é real

Pois é... O RJIES está aí.
E agora? Agora é preciso informar, divulgar o mais possível a discussão.
Hoje fizémos um cartaz que já afixámos na faculdade. Foi complicado carimbá-lo e afixá-lo, esquecemo-nos da pré-aprovação da associação de estudantes para que pudessem carimbar as folhas A3. Aparentemente faltava algo muito importante: uma frase que inequivocamente transmitisse a mensagem de que o conteúdo do cartaz não era, de modo nenhum, da responsabilidade da direcção da associação [como se fosse preciso isso estar escrito...].

De qualquer modo, esta sequência de eventos só mostra que o RJIES é real, que já há projectos para a sua implementação mesmo antes da alteração dos estatutos da UL e que o que o futuro provavelmente nos reserva é exactamente aquilo que era temido: a transformação da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (reitero o facto de ser uma faculdade pública) numa Fundação Pública de Direito Privado (e aqui reitero o facto desta entidade ser, para todos os efeitos, privada). E ainda há quem acredite (ou queira vender o peixe) que isto não é privatização. Pois. Ou são ingénuos, ou mentirosos.

O embrulho do RJIES pode parecer espampanante, maravilhoso e magnífico, mas o seu conteúdo deixa muito a desejar... Para os mais distraídos:
O RJIES SIGNIFICA O FIM DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO TAL COMO O CONHECEMOS

E não, as mudanças que traz não são mesmo nada benéficas. Tentando condensar a imensa massa de esterco desta lei em alguns pontos:

- "mais autonomia para as universidades" = o governo demite-se da responsabilidade que garantir um ensino superior, público, gratuito e acessível a todos. Lava as suas mãos, diz adeus Maria Alberta que me vou embora e o que resta? o investimento privado.

- "novos acordos possibilitaram empréstimos a estudantes para que estes possam estudar" = sim, acção social também não é com este governo. Acabam as bolsas, vêm os empréstimos (coitadinhos dos bancos, lá tiveram que aceitar esta situação, pois o que é que haviam de fazer?), com juros super hiper magníficos calculados com base nas médias!! Yupi, pois, realmente só fazia mesmo falta a garantia de que o endividamento é para todos.

- "a autonomia das universidades favorece o ensino e investigação" = universidade com autonomia é uma fundação pública de direito privado que se rege pelas leis do direito privado. Quer isto dizer que é uma entidade privada que se irá reger pelas leis do mercado. E quais as implicaçoes disto numa faculdade:
. tem de dar lucro
. tem de dar muito lucro
. tem de dar o maior lucro possível
Consequências para o ensino: tem de ser lucrativo. Muito lucrativo. O mais lucrativo possível. Ensina-se o que der mais lucro, pelo período de tempo que gerar o maior lucro possível, ao preço que gerar mais riqueza.

E a investigação?!? idem, idem aspas, aspas.

E assim se deixa de ter o ensino e investigação ao serviço da ciência da sabedoria. E passa a estar ao serviço de quem? Muito provavelmente de um belmiro que "gere riqueza à volta do seu umbigo"...

Diana P

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