domingo, 18 de novembro de 2007

Direitos dos trabalhadores da Valorsul... Um problema de saúde pública... A verdadeira utilidade da GNR

Todos os dias deitamos pelo menos um saco do lixo fora e ele deixa de existir… para nós. Para os “homens do lixo” (e mulheres também) esse lixo existe todos os dias ou todas as noites. Para os trabalhadores da valorsul esse convívio, com os nossos restos, é muitas vezes de mais de 12 horas por dia.

Isto para mim nem é por causa do salário, perco mais dinheiro com esta greve que se tivesse quietinho... Só que um gajo também gosta de tar com as mulheres e com os filhos… Como andamos com as equipas reduzidas, os turnos aumentaram… com oito horas entre cada turno, duas só para deslocações… chego a casa e mal dá para comer e dormir…

Um problema de Saúde Pública
Entraram em greve às 00h00 do dia 13 (terça-feira) por tempo indeterminado. Com 100% de adesão à greve, o tratamento do lixo nos vários centros da valorsul parou por completo e o lixo que ía sendo recolhido foi-se acumulando em S João da Talha (incineradora), numa fossa preparada para receber lixo indiferenciado. Com o prolongar da greve essa fossa ultrapassou em 20% a sua capacidade máxima. A brilhante solução encontrada pela administração foi disponibilizar o aterro de Mato da Cruz para despejar o lixo.

Problema: esse aterro está apenas preparado para receber lixo incenerado. Ora, todas as substâncias tóxicas produzidas pelo lixo indiferenciado podem facilmente passar para os solos… e com a chuva podem também suavemente descer até aos lençóis freáticos, regressando assim até nós um pouquinho desse lixo que desaparece todos os dias quando deitamos o saco fora.

GNR: uma força de segurança? De quem?

O despejo de lixo no aterro de Mato da Cruz é um atentado à saúde pública mas ainda assim a GNR foi enviada ao local no dia 16 para dispersar, à força, o piquete de greve que impedia a entrada dos camiões carregados do nosso lixo. Esse objectivo foi alcançado por breves momentos às 18h, momento em que o piquete tinha menos gente. Em resposta várias pessoas, incluindo um grupo de estudantes, juntou-se ao piquete. Às 22h os camiões voltaram a acumular-se na estrada que conduzia à entrada do aterro. O largo número de pessoas e a carrinha de directos da SIC, foi mantendo a GNR em latência. Ainda assim por volta das 02h30 à meia-dúzia de agentes juntou-se o corpo de intervenção da GNR, com vários carros patrulha e tantas luzes azuis que por momentos duvidei se estava num centro de tratamento de lixo ou de narcotráfico… A câmara da SIC (apesar de já não ser de directos) e o largo número de pessoas que estavam a apoiar o piquete, acabaram por fazer a GNR dar meia-volta.

Na manhã de dia 17 quando só o piquete da greve impedia a entrada dos camiões, a GNR voltou e forçou a abertura do centro à passagem dos camiões e do lixo para o aterro que não estava preparado para o receber.

Ao sexto dia a greve terminou. O lixo voltou a ser separado, tratado, incinerado, enterrado. Os trabalhadores da valorsul voltaram a trabalhar, muitas vezes mais de 12h por dia, sábados, domingos e feriados… E nós? Não temos mesmo nada a ver com isto?

Para saberem mais mudem de vida, aqui.

DC

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